Garrafas de água, latas de refrigerantes e recipientes de isotônicos. Todo esse lixo com potencial reciclável foi encontrado pela equipe de Flora e Fauna da FPI do São Francisco/Alagoas, na estrada, quando ela se deslocava para um alvo da ação no momento em que acontecia o 11° Desafio Internacional de Ciclismo na cidade de Arapiraca.

Organizado pela Associação Arapiraquense de Ciclismo e pela Organização Arnon de Melo, o evento ocorreu sem autorização ambiental do IMA, o que rendeu uma multa de R$ 13 mil à entidade esportiva.

Só na primeira etapa do evento, os participantes chegam a fazer um percurso de 136 Km pelos municípios de Arapiraca, Craíbas e Major Isidoro, sem qualquer ponto de lançamento de residuos ou garantia de que todo o lixo será recolhido pela organização do evento.

“O Ministério Público Estadual de Alagoas foi testemunha do impacto ambiental provocado ao meio ambiente por trazer uma poluição nova no local onde passam os ciclistas. Orientamos os organizadores da competição que desenvolva uma campanha educativa e crie mecanismos de punição para que os ciclistas evitem o lançamento de lixo no solo e na mata”, disse o promotor de Justiça Alberto Fonseca.

A equipe na qual se encontrava o promotor retirou da estrada entre Craíbas e Arapiraca três sacos de lixo em apenas 50 metros do percurso, embora a sujeira se estendesse por quilômetros.

O Batalhão de Policiamento Ambiental levou o presidente da Associação Arapiraquense de Ciclismo, Egberto Pedro, à Delegacia Regional de Arapiraca para adotar as medidas adequadas em relação às irregularidades identificadas. A guarnição aguarda a chegada do delegado plantonista, que se encontrava em Marechal Deodoro.

“A organização do evento responderá por crime de poluição do meio ambiente e realização de evento particular sem autorização ambiental. Os patrocinadores também serão responsabilizados como co-autores pela prática ilegal, segundo o art. 2° da Lei n° 9.605/98”, explicou o major Alex Orsi, que defende a inclusão de pontos para lançamento dos resíduos próximos aos de hidratação dos atletas.

Mais cobranças

Além da autorização ambiental, o IMA cobrou dos organizadores da prova um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. O documento é necessário para obter a autorização ambiental.

O Instituto também solicitou aos responsáveis pelo evento a apresentação, no prazo de dois dias, uma segunda autorização ambiental, desta vez para a etapa deste domingo, cujo percurso é de 233 Km entre Arapiraca e Maceió. “A falta do documento pode aunentar o valor da multa por reincidência”, completou o fiscal do IMA, Hidelberto Barbosa.

Em conversa com representantes da FPI do São Francisco, Egberto Pedro reconheceu as falhas no evento e garantiu que no próximo ano adotará todas as medidas necessárias para legalizar a competição ciclista dentro da legislação ambiental. Ele tem 20 dias para recorrer da multa.

A Polícia Rodoviária Federal também acompanhou todo o procedimento de defesa ao meio ambiente no Agreste alagoano.