Há encontros que vão muito além de uma agenda institucional. O Café com Escuta, realizado, nesta terça-feira (23), pelo Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), foi um desses momentos em que o tempo desacelerou para dar lugar a partilhas de vivências, dores e desafios enfrentados por procuradores e promotores de Justiça, servidores, estagiários e colaboradores das Promotorias de Justiça de Arapiraca. O encontro permitiu o entendimento de que o trabalho faz mais sentido quando também é espaço de acolhimento.

Durante toda a manhã, o Café com Escuta lembrou que cuidar uns dos outros é tão essencial quanto buscar a justiça, papel principal do Ministério Público constitucionalmente. “Em cada depoimento, a verdade que ecoava era a de que precisamos de ambientes de trabalho onde a escuta seja sincera, o afeto esteja presente e as pessoas se sintam vistas, acolhidas e respeitadas”, afirmou a procuradora de Justiça Sandra Malta, presidente da Comissão de Prevenção a Situações de Risco à Saúde Mental do Colégio de Procuradores de Justiça.

Parte das falas dos participantes foi marcada por emoção, uma vez que eles compartilharam momentos difíceis de suas vidas pessoais. Foi assim como Jailson Macedo, que trabalha no setor de protocolo do MP em Arapiraca. “Hoje foi dia de me reconhecer novamente e, assim como foi especial para mim, acredito que também tenha sido para os demais que aqui estiveram. Desejo que esse momento seja celebrado não só no mês de setembro, mas nos demais do restante do ano. Estou saindo desse encontro com a sensação de que cada um que contou um pouco da sua história está voltando para casa se sentindo abraçado. E é o que eu sempre digo: o abraço acolhe. As palavras até ajudam, mas é o abraço que faz a diferença”, disse ele.

Para a promotora de Justiça Micheline Tenório, coordenadora do Núcleo de Defesa da Saúde Pública do MPAL, o Café com Escuta mostrou que a convivência saudável não é detalhe: “Estamos aqui para lembrar que ninguém precisa enfrentar suas dores sozinho. O Ministério Público é feito por pessoas e para pessoas, e nosso compromisso é cultivar não apenas a justiça, mas também o cuidado e o respeito dentro de casa”, declarou.

O subprocurador Recursal, Valter Acioly, ressaltou a importância de se sentir acolhido em meio às pressões do dia a dia e destacou que um abraço pode se tornar um gesto de cura. “O abraço e a escuta, quando genuínos, podem salvar vidas”, defendeu.

O Café com Escuta é uma das atividades que integra à campanha Setembro Amarelo do Ministério Público do Estado de Alagoas. A inciativa reforça, todos os anos, a urgência de se falar sobre saúde mental, prevenção ao suicídio e redes de apoio. Na próxima semana ele será levado para mais uma cidade do interior.

Fotos: Anderson Macena