Atuação forte do Ministério Público, tendo na acusação o promotor de Justiça, Antônio Vilas Boas, leva o cabo da Polícia Militar Ivan Augusto dos Santos Júnior, acusado de matar a esposa Expedita da Silva, em 2018, no bairro São Jorge, em Maceió, a condenação de 37 anos e seis meses de prisão, em regime fechado, além do pagamento indenizatório de R$ 286.200,00 à família. O réu, que desferiu 10 tiros de pistola contra a vítima com quem era casado há 20 anos, foi acusado de feminicídio duplamente qualificado. O júri foi presidido pelo juiz Geraldo Amorim.

Após 13 horas de júri, de sustentar todas as acusações de motivo fútil, uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, contra mulher em razão de ser do sexo feminino, do cometimento na presença da filha, o promotor Vilas Boas entende que a justiça foi feita.

Para o representante do Ministério Público, “não tínhamos como esperar outra decisão, diante de um crime tão bárbaro. Chegamos aqui preparados para mostrar ao Conselho de Sentença que o réu agiu de forma consciente, covarde, e que aquela menina, filha do casal, hoje com dezessete anos, e que implorava no dia para o pai não matar a mãe, precisava ter sua dor amenizada, a família toda precisava sentir que a memória da dona Expedita, no Tribunal do Júri seria respeitada com a justiça sendo feita, com o réu pagando por toda violência da qual utilizou pra ceifar sua vida. Saímos satisfeitos com o resultado, a vida não volta, mas ele sentirá na pele e também no bolso, já que foi estipulada uma indenização, o preço do crime”, declara o promotor.

Crime

De acordo com os autos, o policial militar tinha comportamento agressivo desencadeado por ciúmes. O crime teria ocorrido durante uma discussão e Expedita ameaçar ir embora com a filha de 13 anos.

O desentendimento entre Ivan Augusto e sua esposa teria se estendido até o quarto quando a menina , ao ouvir o barulho, foi até o cômodo. Lá chegando, deparou-se com a mãe acuada em cima da cama e o réu apontando a pistola para sua cabeça, enquanto a mesma tentava se proteger colocando os braços na frente, mas o cabo não hesitou e deflagrou dez tiros. Diante da cena, a pré-adolescente entrou em desespero e tentou puxar o pai com o intuito de salvar a mãe.

Expedita ainda chegou a ser socorrida e levada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde morreu dias após.

Relatos de familiares ressaltam que o réu sempre foi violento e a vítima sempre sofreu agressões físicas e verbais.

Foto: Anderson Macena