O projeto “Fale, Educação”, etapa Integração Cidadania, do Ministério Público Estadual (MPE/AL), cumpre mais uma agenda visitando a Escola Professora Guiomar Almeida de Peixoto, no bairro da Ponta Grossa, em Maceió. Durante toda a tarde desta terça-feira (23), a promotora de Justiça Cecília Carnaúba, da 19ª Promotoria de Justiça, esteve com mais de 200 alunos, dos ensinos fundamental e médio, e com eles gerou discussões em torno do tema “Liberdade como objetivo do Estado Brasileiro e direito do cidadão”. Ao final, cinco enunciados foram construídos e serão utilizados como referência para melhorar internamente a unidade de ensino.

Para atingir o objetivo e abrir lacunas para o entendimento do que eles, os alunos, têm direito enquanto cidadãos, a promotora usou a simbologia do mito de Ícaro ressaltando a importância de se construir coisas importantes, sem esperar necessariamente pelos outros, maior benefício coletivo dentro da educação.

“É preciso trabalharmos pelo crescimento sem esperar que as coisas caiam do céu. O foco é motivar o público-alvo, no caso os estudantes, a pensar futuro, de que forma os talentos podem ser utilizados para alcançarmos um benefício maior e coletivo. É preciso mudar e isso depende de conscientização e iniciativas”, declarou a promotora.

A primeira participação foi da aluna Valéria de Paula, do 9º ano. Em seu entendimento, “às vezes as orientações ou conselhos são descartados e, por mais que a gente receba, prefere a própria intuição, e isso nem sempre dá certo”.

A promotora de Justiça usou temas históricos importantes como a Independência do Brasil, a Proclamação da República, os 100 anos da Independência dos Estados Unidos, a Abolição da Escravatura, entre outros, para despertar nos alunos a conscientização de que realmente “todo poder emana do povo”, conforme está escrito na Constituição Brasileira. Em seu discurso, ela expôs os artigos 1º e 2º para evidenciar a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana e seus valores.

“Precisamos aprender a exercer o nosso poder, somos nós quem transformamos o mundo. Quem manda no Estado é o povo; de acordo com comportamento deste, os objetivos são, de fato, concretizados ou não. Mas é preciso também trabalhar a questão liberdade, porque não podemos ter a nossa colocando em risco a liberdade dos outros. É preciso cada um de exercê-la respeitando e se colocando no lugar do outro”, enfatizou Cecília Carnaúba.

Para ilustrar questões de respeito, foram selecionados alguns tópicos que geralmente atropelam o direito alheio, a exemplo da queima de pneus em manifestações com bloqueios de vias deixando pessoas desassistidas, o movimento ‘Black Bloc’, som alto, bem como o desrespeito nas filas.

“É imprescindível que trabalhemos nossos direitos dentro do exercício da cidadania porque ninguém tem direito sozinho, é uma diretriz para todos”, reforçou a promotora de Justiça.

Marco de esperança

A iniciativa do Ministério Público foi recepcionada pela direção e professores como um marco de esperança que irá contribuir para a transformação da Educação. Em sua fala, a professora de História Givaneide Lima do Nascimento foi enfática: “O Ministério Público veio pra somar. A escola passa por muitas dificuldades, mas estamos num processo de transformação e o projeto fará o somatório”.

Com o mesmo raciocínio, a professora Elza Maria da Silva absorve o momento como de capacitação para os professores. “O Ministério Público vem à escola para dar a oportunidade de cada um ter conhecimento, esclarecimento dos direitos à cidadania, de que forma e onde vocês poderão aplicá-los”, afirmou a professora.

A diretora Juliana Martins Cabral aposta no “Fale, Educação” como uma esperança para mudar a realidade da escola. “É um projeto muito significativo dentro do contexto escolar e contribuirá para formar uma consciência crítica no aluno, enquanto cidadão. Bem como a importância de zelar pelo ambiente escolar. Ele [o projeto] veio para favorecer o crescimento da nossa escola”, declara a diretora Juliana.

Produção de textos

Encerrada a palestra, os alunos desenvolveram textos sobre liberdade. Em seguida, foram confeccionados quatro enunciados de total autoria dos alunos. O primeiro construiu a ideia de que “se exija mais respeito pela escola por parte do Governo, mais respeito entre alunos e também entre professores e alunos”.

No segundo, os acadêmicos avaliaram que “é importante que os alunos assumam o papel de cuidar da escola também; porque a liberdade de cada um termina quando começa a do outro”.

O terceiro enunciado diz respeito das carências dentro da unidade. Para os estudantes, “a merenda escolar e a estrutura física da escola (lousas e bancos) precisam ter melhor qualidade para respeitar a dignidade e a liberdade dos alunos”.

Na quarta opinião, ficou sugerido “que o vandalismo acabe dentro da escola, porque a liberdade é para viver da melhor forma possível. E liberdade também exige disciplina”.

Para o fechamento das opiniões e manifestações do alunado, o assunto em foco foi a crença, onde o sentimento exposto foi o de que, dentro da escola, “liberdade de crença é respeitar a religião do outro, porque a religião não define ninguém”.

Em reunião com a diretora Juliana Martins e professores, a promotora Cecília Carnaúba pôde ouvir relatos e elencar as carências emergenciais da escola. Um material didático foi deixado como ponto de partida para alicerçar a desenvoltura do aluno fazendo com que ele crie uma concepção diferenciada e plausível sobre liberdade e também participe diretamente da evolução no seu ambiente de estudo.