Os trabalhos da Fiscalização Preventiva Integrada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI do São Francisco) começaram, nesta quarta-feira (18), com uma ação que reintroduziu à natureza quase 600 pássaros de mais de 10 espécies diferentes. Eles voltaram ao seu habitat depois de terem sido tratados e medicados pela equipe médica veterinária da FPI. No restante do dia houve nova apreensão de queijos, multa por funcionamento de lixão e por descarte de esgoto a céu aberto por um veículo limpa-fossa, fiscalização aquaviária, flagrante de desmatamento e palestras de educação ambiental em escolas públicas.

Por volta das 7h, na Mineradora Vale Verde, em Craíbas, os pássaros foram devolvidos à natureza após procedimento de soltura feito pela equipe de veterinários e biólogos que compõe a equipe da fauna da FPI. Foram cerca de 15 espécies reintroduzidas.

“Tem sido gratificante ver que a maioria das pessoas já entende a necessidade de colaborar com a natureza. Em muitos lugares por onde passamos, voluntários entregaram seus animais sem questionar e isso demonstra consciência ecológica. Fico muito feliz em saber que as coisas estão mudando”, comentou o médico veterinário Isaac Albuquerque.

Segundo o biólogo Marcos Araújo, todos os animais que voltaram ao bioma da Caatinga no dia de hoje foram cuidadosamente tratados, medicados e, só após estarem em condições de liberdade, foram reintroduzidos.

Além das aves, também foram soltos seis jabutis, seis iguanas e uma cobra-verde.

Lixão multado em R$ 440 mil

A Prefeitura de Palmeira dos Índios foi multada por manter o lixão da cidade sem o devido tratamento dos resíduos sólidos. O crime de poluição ambiental resultou numa sanção pecuniária de R$ 440 mil.

“Ainda houve o agravante de descarte de restos de animais e de material hospitalar também a céu aberto, o que fere completamente a legislação ambiental. No primeiro caso, aumentam as chances do surgimento de vetores e isso pode causar ainda mais dano a saúde dos catadores de lixo e dos próprios funcionários do lixão. E com relação ao lixo hospitalar, há a real chance dessas mesmas pessoas serem infectadas”, explicou o promotor de Justiça Alberto Fonseca, coordenador da FPI.

Extração mineral

Ainda em Palmeira dos Índios, houve a entrega de um auto de infração e de um termo de embargo para o proprietário de uma área de onde estava sendo extraída areia ilegalmente. Ele foi multado em R$ 25 mil por funcionar sem licença ambiental.

Em parceria com a equipe de fauna, o grupo de resíduos sólidos e extração mineral fiscalizou ainda a fábrica de cerâmica São Caetano. Apesar do licenciamento ambiental estar em dia, foi localizado, nos fundos da empresa, material lenhoso de espécies nativas. Por esse motivo, o proprietário foi conduzido à delegacia para lavratura de flagrante pelo crime de desmatamento.

Mais queijos apreendidos

Duas fábricas de laticínios foram interditadas em Major Isidoro. O Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) lavrou autos de infração por falta de licença ambiental, enquanto o Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) e a Agência de Defesa e Inspeção Agropecuária de Alagoas (Adeal) também expediram as infrações, só que por ausência de registro e de responsável técnico. Por último, o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) lavrou um Comunicado de Ocorrência Policial (COP) por falta de licença ambiental e poluição, haja vista que as pocilgas dos laticínios estavam lançando esgoto na natureza.

Ao todo, foram recolhidos 180 quilos de queijo de manteiga clandestinos.

Fiscalização aquaviária

A equipe aquática, sob a coordenação da Marinha do Brasil, realizou atividades de fiscalização do tráfego aquaviário na foz do Rio São Francisco. Foram verificadas as condições de segurança de sete embarcações que faziam passeio turístico naquela região.

Uma balsa que fazia a travessia entre os municípios de Piaçabuçu (AL) e Brejo Grande (SE) foi notificada porque os coletes salva vidas estavam em estado inadequado de conservação. Além disso, o extintor de incêndio estava vencido. A embarcação ficou retida no cais até serem sanados os problemas.

Esgoto sendo despejado a céu aberto

O mais importante flagrante registrado pelo grupo de recursos hídricos foi contra um caminhão limpa-fossa, que estava jogando dejetos numa área vizinha a uma estação de bombeamento da Casal. “O cidadão estava descartando indevidamente esgoto inatura em uma área do município de Igaci, próximo a uma unidade da Casal. Ficou claro o risco daqueles dejetos contaminarem o solo e o lençol freático e, consequentemente, a água utilizada para fornecimento à população”, esclareceu Elizabeth Rocha, engenheira sanitarista ambiental.

O veículo foi apreendido, o condutor e todos os envolvidos foram encaminhados a delegacia da cidade e o dono do caminhão foi multado em R$ 25 mil por descarte irregular e em mais R$ 10 mil pela ausência de licença ambiental para transportar esgoto.

Educação ambiental

Fazendo um contraponto com os flagrantes de irregularidades constatados pela FPI do São Francisco, a equipe de educação ambiental continua desenvolvendo seu trabalho de conscientização nas escolas das redes públicas.

E esta quarta-feira foi dia de levar palestras, gincanas e jogos educativos para as unidades de ensino de Palmeira do Índios. Centenas de alunos foram beneficiados e tiveram a oportunidade de aprender mais a respeito de temas como animais silvestres e preservação do meio ambiente.