A campanha Agosto Lilás, do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL), foi às ruas de Arapiraca, na tarde desta quinta-feira (23), para falar sobre o combate a violência doméstica e familiar contra a mulher. Dezenas de pessoas ocuparam a Praça Deputado Marques da Silva, no Centro da cidade, num encontro que reuniu, além de autoridades do órgão ministerial, representantes do Poder Judiciário, da Prefeitura e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL).

A abertura do evento ficou porta do procurador de justiça Geraldo Magela. “Não é mais concebível que, em pleno século 21, a gente ainda tenha que falar sobre esse tema. É preciso que tenhamos consciência que nenhuma relação prospera sem respeito, sem afeto e, especialmente, sem amor. Eu mesmo repito sempre que só acredito no mundo em que o amor prospere. E se ele triunfar, é claro que a violência doméstica não vai existir. As relações permeadas de agressão precisam ser banidas. É por isso que é tão importante a denúncia contra o homem que violenta sua companheira”, disse ele.

A promotora de justiça Maria José Alves, titular da 38ª Promotoria de Justiça da Capital, e uma das coordenadoras do Agosto Lilás, também ressaltou a importância de se denunciar o agressor ou ligando para o 180 ou para o 190, este último, número da polícia local.

Ela também chamou atenção para os dois vieses da campanha deste ano: o sofrimento dos filhos, que também sofrem com a violência doméstica, e o machismo praticado pelos homens. “O Ministério Público em 2018 escolheu como tema da sua campanha uma outra vítima dos relacionamentos abusivos: os filhos, que crescem vendo o pai espancar a mãe rotineiramente. Em nossos gabinetes, nós sempre recebemos, para além da mulher que é a maior vítima de violência, crianças e os adolescentes completamente traumatizados com as cenas tristes que assistem. Eles falam das tragédias já presenciadas e a gente percebe o quanto estão fragilizados e revoltados com aquilo tudo”, relatou a promotora.

Denúncia deve ser feita por qualquer pessoa

“Estudos mostraram que, em 2017, uma mulher foi assinada pelo seu companheiro a cada duas horas no Brasil. E esse é número estarrecedor. E é exatamente para combatê-lo que o Ministério Público promove, todos os anos, a campanha Agosto Lilás, para tentar despertar a sociedade para a importância da denúncia. Aquele ditado que diz que em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, está completamente equivocado. A gente deve se intrometer, sim. Se você conhece algum caso, ligue para o 180, chame a polícia, procure o Ministério Público ou a delegacia da sua cidade. E se quiser preservar o seu anonimato, as autoridades manterão o seu nome em sigilo. O importante mesmo é não aceitar que aquela mulher continue sendo violentada”, alertou a promotora de justiça Viviane Karla da Silva Farias.

O promotor de justiça Rogério Paranhos também despertou o público presente sobre a necessidade da denúncia. “Esse discurso de que a mulher tem que obedecer o homem e que isso se conquista à força e com derramamento de sangue é absurdo, e merece a nossa indignação. Nada se resolve por meio da brutalidade e da violência. Tenham certeza que esse caminho é equivocado. A solução dos conflitos passa pelo respeito. Por isso, rompam o silêncio e não permitam que mais uma mulher seja agredida”, declarou.

Parcerias com outras instituições

A Prefeitura de Arapiraca, a OAB/AL e o Poder Judiciário foram parceiros do Ministério Público na ação realizada nesta quinta-feira. A superintendente de Políticas Públicas para Mulheres da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Valéria Cyntia Montomi Chaves, reforçou a importância da união de forças para combater esse tipo de violência e explicou que a Prefeitura tem um serviço de atendimento às vítimas que funciona com atendimento multidisciplinar: “essa nossa rede de atendimento já atua em parceria com o Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, ou seja, ela é uma aliada do Ministério Público e do Poder Judiciário. Mas, aproveitando esse evento tão esclarecedor, quero lembrá-los que existe o Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência, o Cramsv, que é realmente um instrumento de auxílio no combate à violência de gênero. Nossa equipe multidisciplinar atua com muita dedicação e está à disposição para servir”, assegurou.

Durante todo o evento, foram distribuídos panfletos falando sobre o Disk 180, a Central de Atendimento à Mulher criada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Trata-se de um revelante canal de denúncia e a ligação e o serviço são gratuitos para todo o País.

Outros panfletos entregues à população falavam da Lei da Maria da Pena e das punições previstas para o agressor, além de testes sobre como identificar sintomas de um relacionamento abusivo, e os contatos e endereços da rede de atendimento. Também foram distribuídos cartazes e laços lilases.

Fotos: Claudemir Mota