A banalização da vida mantém um número exorbitante nos júris realizados pelo Brasil afora, e Alagoas faz parte dessa realidade cruel onde homens e mulheres são identificados como vítimas e autores. Nessa segunda-feira (30), em Cajueiro, o Ministério Público de Alagoas, representado pelo promotor de Justiça Frederico Monteiro, sustentando com veemência o grau de violência, com requinte de crueldade e frieza de Kelly Santana da Silva, ao assassinar Jeane Carvalho de Souza, em 12 dezembro de 2021, naquela cidade, levou a ré a 14 anos e 3 meses de reclusão, em regime fechado, por duas qualificadoras: homicídio por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.

O Conselho de Sentença acolheu integralmente a tese ministerial posta na denúncia, reconhecendo, por maioria de votos, a materialidade e a autoria delitiva.

“Tratamos de um crime considerado bárbaro onde a acusada desferiu uma série de facadas contra outra mulher, inclusive no pescoço, mas foi ré confessa desde a fase inquisitorial, confessou no sumário de culpa, e em plenária também não negou. O júri serviu para debate acerca das qualificadoras, afinal era papel da Defensoria Pública tentar decotá-los, fato que não aconteceu e ela foi condenada’, explica o promotor Frederico Monteiro.

Caso

No dia 12 de dezembro de 2021, vítima e acusada se encontravam em um local conhecido como “Bar da Bia”, onde trabalhavam. Naquela noite houve desentendimento e começou uma discussão entre as duas porque Jeane Carvalho teria chamado Kelly Santana de bandida, justificando a agressão pelas tatuagens que ela tinha no corpo, especificamente as do rosto.

Kelly levantou da mesa, pegou uma faca e dirigiu-se para o lado de fora do estabelecimento, onde a proprietária, conhecida como “Bia”, pediu que a entregasse a arma branca sendo ignorada. Assim, informou à ré que não trabalharia mais no bar e entrou para pegar seus pertences com o intuito de mandá-la embora.

Nesse ínterim, Kelly correu em direção da vítima – que estava sentada- e deu os primeiros golpes, sendo um na coxa e outro na barriga. Já com Jeane caída no chão, teria se jogado sobre ela e desferindo golpes em seu pescoço enquanto a vítima implorava pela vida, mas ela só parou ao perceber que Jeane sangrava pela boca.

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