Transformar o cemitério Divina Pastora em ‘Parque da Esperança’. Esse é o objetivo da Igreja Católica, cujo projeto conta com o apoio integral do Ministério Público Estadual de Alagoas. O projeto, confeccionado pela Arquidiocese de Maceió, foi apresentado na tarde dessa terça-feira (23) às Promotorias de Justiça de Direitos Humanos e Urbanismo e a representantes da Prefeitura de Maceió. A iniciativa cristã foi aprovada por todas as autoridades presentes e o Município ficou de avaliar a sua viabilidade técnica.

Todos os custos para a reforma do cemitério serão bancados pela Igreja Católica, que já começou a arrecadar recursos para essa finalidade. E esse desejo, protagonizado pelo arcebispo de Maceió, dom Antônio Muniz Fernandes, foi compartilhado com o Ministério Público na semana passada, que, diante da iniciativa, promoveu a reunião. “O tema da Campanha da Fraternidade deste ano é ‘Casa Comum, nossa responsabilidade’ e levanta a discussão sobre o saneamento básico. Como o terreno do cemitério Divina Pastora pertence à igreja, a Arquidiocese de Maceió recebeu assumir parte da responsabilidade daquele imóvel e transformá-lo num local que ofereça mais dignidade tanto às famílias que enterram seus parentes ali, quanto para as próprias vítimas. Discutimos o projeto, ele será de extrema relevância e é por isso que conta com o apoio do MP”, explicou o promotor de Justiça Flávio Costa.

“O tema da Campanha da Fraternidade desse ano nos motivou a ter essa iniciativa. Os nossos cemitérios são fontes de poluição, todo o lençol freático é contaminado por causa do mau uso do terreno. O saneamento ao redor de um equipamento público como esse é fundamental para que o chorume cadavérico possa ser canalizado e não continue prejudicando o meio ambiente e a saúde dos moradores da região”, argumentou dom Antônio Muniz.

“Além disso, o papa Francisco decretou 2016 como o ‘Ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia’ e uma das obras de misericórdia que precisa ser executada é o respeito ao sepultamento dos mortos. Por isso também nós queremos promover essa reforma”, completou o arcebispo de Maceió.

O projeto

De acordo com o projeto, a reforma consiste em fazer a limpeza de todo o terreno, construir 200 ossários, tornar a capela que fica dentro do cemitério um local de mais celebrações e construir uma biblioteca para atividades religiosas, envolvendo todos os credos, com as presenças também das igrejas evangélicas e das religiões Matriz Africana.

Também foi discutida a possibilidade da construção de um crematório dentro do Divina Pastora. “Isso resolveria boa parte do problema do cemitério, já que ele vive superlotado. Para tanto, seria necessária uma parceria com o IML e o Instituto de Identificação e, claro, uma sensibilização junto às famílias para que parte dos corpos pudesse ser cremada”, disse o promotor de Justiça Antônio Sodré, da Promotoria de Urbanismo. A mesma ideia foi defendida pela promotora Nísia Cunha, também da Promotoria de Urbanismo. Como o custo para a implantação de um crematório é alto, levantou-se a possibilidade de pedir ajuda à bancada federal de Alagoas por meio de emendas parlamentares para 2017.

vários representantes da Prefeitura de Maceió estiveram presentes à reunião. O procurador-chefe urbanístico da Procuradoria Geral do Município manifestou apoio ao projeto, porém, informou que os técnicos da SMCCU e da Sempma precisam avaliar com detalhes a proposta da Igreja Católica. “Seria um grande avanço à estrutura do cemitério, mas temos que analisar tecnicamente a sua viabilidade. Teremos uma reunião com os nossos técnicos e com a Arquidiocese para discutirmos todos os detalhes, a exemplo das licenças ambiental e de operação, necessárias para qualquer obra”, esclareceu.

Após a reunião, ficou acordado que a Prefeitura, em 15 dias, dará uma resposta oficial ao MPE/AL sobre a referida reforma.